quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Convivência






    O bonito do ser humano é a sua complexidade, suas mais loucas diferenças no pensar, agir, olhar, vestir, seu jeito de falar, escrever, sonhar e os mais variados verbos. Se fossemos iguais em tudo seria monótono. Temos a péssima mania de achar que as outras pessoas são como nós, que fariam aquilo que certamente faríamos em determinadas situações. Pensamos que os outros lembram da nossa existência e de tudo o que representamos como lembramos deles. Acreditamos tanto nisso que, quando não acontece, nos sentimos muito ofendidos, magoados, traídos.
     A forma como tratam os assuntos referentes à nossa vida interfere diretamente em nosso cotidiano. Esperamos muito daqueles que amamos e, quando não acontece como imaginávamos, nos enchemos de profunda frustração. As desilusões são muito comuns, mas nem todos sabem lidar com elas. Tudo é motivo para uma profunda mágoa aparecer e tudo o que foi construído desmoronar.
   A decepção aparece quando as expectativas são grandes, a ponto de querermos que o nosso próximo aja exatamente como nós. Talvez se nos preocupássemos menos, se não colocássemos tanta responsabilidade sob os ombros alheios, a vida seria mais leve e entenderíamos que todos somos passíveis ao erro. Se, ao invés de desejarmos uma cópia de nós mesmos, analisássemos nossas atitudes perante todos que nos cercam, certamente os relacionamentos seriam mais fáceis e tranquilos. Conviver é correr riscos o tempo todo, é abrir mão da própria vontade, fazer o que não gosta às vezes, ouvir, chorar junto, entender o lado dos outros, aceitar as particularidades. Estas, se apreciadas, podem nos fazer amadurecer e perceber que nossas falhas são bem maiores.



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