quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Convivência






    O bonito do ser humano é a sua complexidade, suas mais loucas diferenças no pensar, agir, olhar, vestir, seu jeito de falar, escrever, sonhar e os mais variados verbos. Se fossemos iguais em tudo seria monótono. Temos a péssima mania de achar que as outras pessoas são como nós, que fariam aquilo que certamente faríamos em determinadas situações. Pensamos que os outros lembram da nossa existência e de tudo o que representamos como lembramos deles. Acreditamos tanto nisso que, quando não acontece, nos sentimos muito ofendidos, magoados, traídos.
     A forma como tratam os assuntos referentes à nossa vida interfere diretamente em nosso cotidiano. Esperamos muito daqueles que amamos e, quando não acontece como imaginávamos, nos enchemos de profunda frustração. As desilusões são muito comuns, mas nem todos sabem lidar com elas. Tudo é motivo para uma profunda mágoa aparecer e tudo o que foi construído desmoronar.
   A decepção aparece quando as expectativas são grandes, a ponto de querermos que o nosso próximo aja exatamente como nós. Talvez se nos preocupássemos menos, se não colocássemos tanta responsabilidade sob os ombros alheios, a vida seria mais leve e entenderíamos que todos somos passíveis ao erro. Se, ao invés de desejarmos uma cópia de nós mesmos, analisássemos nossas atitudes perante todos que nos cercam, certamente os relacionamentos seriam mais fáceis e tranquilos. Conviver é correr riscos o tempo todo, é abrir mão da própria vontade, fazer o que não gosta às vezes, ouvir, chorar junto, entender o lado dos outros, aceitar as particularidades. Estas, se apreciadas, podem nos fazer amadurecer e perceber que nossas falhas são bem maiores.



segunda-feira, 22 de agosto de 2016

NOVAmente





    De uma coisa eu tenho certeza: nunca é tarde. A não ser quando se trata da morte, é claro. Esta, infelizmente, decreta o fim DESTA vida. Mas sempre há novas oportunidades, novos desafios, uma habilidade a ser adquirida, um novo hobby, uma nova paixão, uma vontade diferente. Como tantas pessoas que passaram no vestibular depois dos 40, casaram depois dos 60, conseguiram engravidar aos 50. Alguns conheceram lugares, pessoas e até a si mesmos. A mulher que percebe que a sua beleza interior é uma preciosidade e deixa sua insegurança de lado. O estudante que no fim do curso decide que essa não foi a sua melhor escolha e decide mudar de carreira. Os pais que, mesmo com seus filhos já crescidos, entendem que, no passado, não lhes deram a atenção necessária e querem recomeçar, dialogar, acarinhar. O sedentário que descobre o prazer de cuidar de si. O casal que decide reafirmar seu amor e superar as adversidades juntos. Quantas barreiras são ultrapassadas, medos enfrentados, tantas curas. O tempo passa depressa, mas não nos impossibilita de vivenciar as mais incríveis experiências. A vida é mesmo surpreendente. Tão surpreendente que aqui estou, escrevendo de novo.